Pensando agora em qual seria meu melhor presente no Dia do Pastor eu diria que seria algo bem simples. Não me importaria de que nenhum perfume, gravata ou sapato ou outros artigos costumeiros não me fosse dado, se por outro lado, outras alegrias viessem, ainda que despojados de pompa, mas com a plena simplicidade que delas se exige. Assim, digo que a mim me traria felicidade se no Dia do Pastor eu ouvisse de minha igreja que meu serviço teve efeito positivo na vida das ovelhas que estão sob meu cuidado. Agradaria-me saber que no tempo de serviço, eu fui não apenas um mantenedor de tradições sustentadas apenas pela vontade humana, ou pela minha vaidade, mas acima de tudo, que ajudei pessoas a pensar de forma equilibrada a sua fé, a entender de fato a Palavra de Deus e a experimentar mais plenamente a liberdade e a alegria possíveis na caminhada com meu Deus. Penso que a obra de um pastor é também uma ação libertadora. E a minha alegria é ver as ovelhas sob o Céu que é para todos, caminhando livres.
Gostaria (como disse, alhures, meu amigo Gleydson) de ouvir que ajudei no progresso espiritual, que fiz uma diferença definitiva na vida de alguma ovelha. Gostaria de saber que ao lado de minha igreja, experimentamos juntos verdadeiro companheirismo, verdadeira cooperação, verdadeira amizade e fervorosa interceção. Um líder não fará seu trabalho sem que em algum momento, a mágoa venha a nublar o olhar de uma pessoa amada. Assim, também gostaria de ouvir também que todas as tristezas no percurso foram superadas, todas as mágoas lavadas e todas as cismas vencidas pelo amor que nos sustentou a todos na jornada. Se alguém a mim feriu e eu a alguém feri ou causei mágoa, eu gostaria que neste dia todos experimentassemos o perdão. Pois também eu preciso de liberdade para servir. Um pastor é acima de tudo, humano, comete falhas e carece do afeto dos amados a sua volta. Aliás, Ellen G. White afimou que também Jesus "Anelava a ternura, a cortesia e o afeto humanos” em seus dias na carne (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 524) .
No dia do pastor eu gostaria, finalmente, que alguém me dissesse, de coração, que de fato, a convivência comigo o ajudou no encontro com o Verdadeiro Pastor. Assim eu descobriria que meu trabalho não foi em vão, que valeu a pena a luta, compensou o esforço e a dedicação; que a mensagem foi compreendida, que avançamos juntos, e que o fruto do trabalho será farto no dia da colheita final. Terei a alegria de saber que apesar de tudo, terei feito o bom trabalho.
Mas se ainda nada disso me acontecer, continuarei ainda a tarefa, perseguirei a meta, pois o que me sustenta não é o elogio dos homens nem seu reconhecimento; em diversos momentos, consolou-me uma frase que ouvi em certo tempo, de certa pessoa, mas que bem poderia ter sido dita pelo Pastor maior: "Bem aveturados os esquecidos, porque serão lembrados". Ele, meu Pastor Divino, jamais esquece.
Feliz Dia do Pastor a todos os ministros de Deus neste vasto mundo. (Pr. Claudio Soares Sampaio)