Harmonia Entre as Notas Razão e Fé!


A razoabilidade é aquilo que soa natural para um ser que se vale da razão para pensar. Porém, há algo que torna esse princípio do método científico vulnerável, pensamos de maneira a tentar compactar todos os fatores conhecidos, encadeando-os dentro de uma sequência em que façam sentido e aí tomamos nossas conclusões, então temos que admitir que a razoabilidade está sempre limitada ao que conhecemos e logicamente não conhecemos tudo, assim sendo, tudo que concluimos está restrito ao que conhecemos.


As conclusões tomadas por alguém que está restrito em seu leque de informações e conhecimentos é passível de rejeição, ou seja, devemos estar atentos quanto ao que dizem e em que se apoiam pra isso, porque isso pode determinar se estamos no caminho certo ou não. Fato que corrobora com as argumentações anteriores é o fato de um elemento mudar toda conjuntura de um entendimento teórico dentro de um tema, ou seja, o desconhecimento ou não encadeamento ordenado de tal elemento fez com que chegássemos a concluir debiamente. Quantas vezes algo, que teoricamente havia passado pelo crivo da razoabilidade e dos demais princípios do método científico, teve que ser revisto?

Isso nos faz concluir algo que é realmente interessante: somos seres mutáveis, aprendemos gradualmente, precisamos de honestidade pra admitir os erros e corrigí-los e principalmente não podemos achar que a razão seja capaz de apreender e compreender todos os aspectos da existência, ou seja, alguns supõem que a razão seja capaz de compreender tudo, a premissa do conhecimento humano ser gradual, a qual defendo, conjugada com a ideia do conhecimento ser algo que beira o infinito, por assim dizer, me levam a pensar que se o conhecimento é gradual e eu suponho conhecer tudo não há mais conhecimento para que eu possa continuar esse processo de conhecer pouco a pouco, pois já conheço tudo; e a ideia de que o conhecimento é infinito dá apoio a premissa do conhecimento gradual.

Finalmente quero propor que pensem com respeito a fé, atitude de crer sem tudo entender, muitos dizem que ela é incompatível com a ciência ou o método científico, mas eu diria que a proposição lógica de uma hipótese, que não foi ainda confirmada, se vale em parte de razão e em parte de fé, ou seja, parte da hipótese foi pensado logicamente e outra parte precisa receber crédito (aceitação-FÉ) até sua confirmação experimental ou prova especulativa por meio da crítica filosófica, assim sendo concluo que fé não é mera aceitação irracional, porém é algo que procura extrapolar os limites estabelecidos pela mesma razão.

Enquanto os parâmetros da razão dizem que algo seria improvável, e o impossível por meio de elementos que não consideramos vem a acontecer deixando os ditos doutos sob suspeita temos evidência de que a razão não é suficiente a tudo. Alguns questionam por que você tem fé? E eu posso dizer, porque não quero viver atrelado unicamente ao mundo previsível da razão, ou seja, de forma alguma deixo-a de lado é necessário pensar com razoabilidade, mas, se eu não creditar, ou melhor, aceitar (fé) as hipóteses que acho prováveis com base naquilo que penso, viverei sem esperança de ser surpreendido.

 Ter fé significa aceitar sem entender por completo, mas tendo base para tal confiança. Por isso acredito em Deus. A razão com todo seu poder me leva a entender que do nada, nada se faz, ou seja, se estamos aqui algo nos causou (argumento cosmológico) se somos como somos, capazes inclusive de pensar, como estamos fazendo agora, isso me diz que uma mera explosão especulativa, mesmo que tenha ocorrido, não geraria uma biodiversidade com um clima ambiental sustentável que a mantesse, somando a isso a razão das probabilidades combinadas – que estima as chances das coincidências acontecerem - eu chego a duas possibilidades ou somos os seres mais sortudos do universo, mesmo ainda morrendo, porque temos a chance de conhecer o lado consciente da existência ou somos seres criados com um propósito e por um ser inteligente, lembrando que o evolucionismo não consegue refutar até hoje o argumento da complexidade irredutível, que defende a funcionalidade das seres, inclusive a funcionalidade celular com todos os elementos que a compõem, ou seja, não há espaço aqui para uma evolução gradual que formou os elementos aos poucos porque não haveria funcionalidade dessa forma, ou seja, nada viveria. Por essas e outras razões que não cabe aqui citar eu creio em Deus, a causa primordial o início que não teve início, um ser que se diz onipresente, portanto não tem amarras no espaço, onipotente, portanto pode tudo dentro do que lhe apraz, onisciente, portanto conhece tudo que se há pra conhecer e eterno, portanto não está preso no tempo.

 A razão é como o instrumento medidor de solidez de algo, ou seja, com ela podemos entender se podemos confiar ou não em algo, depois de passarmos por esse estágio de pensar chegamos ao estágio de aceitar, mesmo que isso implique em eu não entender tudo a respeito de alguma coisa; essa é a parte da fé (aceitação), quando Deus pede que você tenha fé nele Ele pede que você o aceite e não que o entenda por completo e aí o aceite; mas que mediante suas capacidades racionais, perceba se ele merece confiança e então depois decida se irá aceita-lo ou não. E aí... o que você decide?


Gilberto Silva - IASD Água Branca - AL